quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Curso de empreendedorismo para mulheres negras aborda novas tecnologias

Cerca de 50 mulheres do Recôncavo, Sisal, Salvador e Região Metropolitana participam, até 7 de dezembro, do projeto “Empreendedoras negras: do tabuleiro ancestral à contemporaneidade”, contemplado pelo Edital Agosto da Igualdade 2016, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi). A iniciativa é da Associação Cultural e Carnavalesca Afoxé Kambalagwanze e tem como objetivo empoderar as participantes, com formação política e qualificação na área, a partir de noções de design e contato com as novas tecnologias.


“Essa ação oportuniza às mulheres negras a criação de marcas próprias e amplia a visão de comércio dos seus produtos com as redes sociais”, explicou a presidente da organização, Iracema Neves, resgatando, ainda, a atuação histórica do segmento. “Elas movimentavam a economia no Brasil no período colonial, em troca de alforria, transformando-se em grandes empreendedoras. Em todo canto você pode ver uma mulher negra, vendendo, criando algo, para fazer o mesmo papel, sustentar a família”, disse. As discussões estão sendo realizadas no Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN), no Pelourinho.

                                         
Antes mesmo de concluir o curso, a jovem empreendedora Stephane Lima já ajudou a criar um coletivo para compartilhar o conhecimento obtido. “Para ser empoderada não posso crescer sozinha, tenho que trazer minha irmã junto. É com esse entendimento que estamos reunindo mulheres desempregadas para mostrar que elas podem trabalhar por conta própria”. Ainda como resultado do projeto, realizará, em parceria com outras colegas no próximo mês, a primeira feira afro de Feira de Santana. “A gente resiste, como nossas ancestrais”, concluiu. No final do projeto as participantes criarão um blog para expor as suas marcas.

De Guanambi, Grace Yara Santos trabalhava como coordenadora de um laboratório quando decidiu seguir o ramo de empreendedorismo. “Entrei na confeitaria e logo no primeiro dia da formação, após várias palestras e depoimentos, eu me senti transformada, percebi que tomei a decisão certa”. Para a fiscal do projeto e coordenadora da Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, Nairobi Aguiar, o curso possibilita uma nova “percepção de visibilidade da comercialização a partir da utilização das novas tecnologias sendo produzido, pensado, planejado e construído por mulheres negras e para mulheres negras”.

Agosto da Igualdade – Neste ano foram selecionados dez projetos, com recurso total de R$ 380 mil, voltados ao fortalecimento dos ideais da Revolta dos Búzios, movimento revolucionário de 1798, e foco nos eixos da Década Afrodescendente – Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento. “Os editais são instrumentos democráticos de acesso aos recursos públicos para o desenvolvimento de projetos relevantes, que oportunizam, inclusive, inovações no mercado cultural”, completou Iracema.

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